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Escrito por Aldous Huxley em 1931, por muitos anos Admirável Mundo Novo fora considerado uma mera ficção científica, um futuro hipotético. Hoje em dia, a sociedade perfeita narrada no livro já está tão “alcançável” que este título está caindo, sendo reconhecido agora apenas como ficção.
Esta obra do autor inglês apresenta uma sociedade utópica na qual os seres humanos são divididos por classes sociais. Os alfas e betas são a casta alta, sendo detentores do conhecimento e de habilidades específicas, respectivamente. Gamas, deltas e ipsilons formam a mão-de-obra, distinguindo-se ainda pelas cores de suas vestimentas.
Nem mesmo o início de uma vida
é igual ao que estamos acostumados. Os bebês são gerados em incubadoras, sendo
então a gravidez desnecessária, vista como algo ruim - assim como palavras
"pai" e "mãe", consideradas xingamentos. Relacionamentos não podem durar mais que seis
meses, "cada um pertence a todos", a prática sexual é apenas uma
forma de lazer. O amor e a dor não existem, as emoções não lhe são ensinadas ou
permitidas.
Eles ainda ingerem uma droga
denominada "soma", qual inibe desejos, dúvidas e ansiedades. Durante
o sono, mensagens eram passadas para interferir nos pensamentos de quem dormia,
mesma técnica utilizada atualmente com pessoas que desejam parar de fumar, por
exemplo. Com tudo sob controle, a ordem dominante estava segura.
À margem deste mundo de
condicionados, outra “raça” vive livremente e longe dos controles do Soma.
Estes são os Selvagens. Quando um destes é
levado para a "vida civilizada", de primeira depara-se com a
perfeição, assim como nos é apresentada. Aos poucos, conhecendo melhor a ordem
desta sociedade percebe o quão distópica ela é. Assim, inicia-se o
contraponto de Admirável Mundo Novo.
Como já citado acima, a obra
que era apenas uma visão de Huxley sobre o futuro da sociedade acabou
tornando-se uma profecia. Na época em que o livro fora escrito, o mundo
encontrava-se em caos pela falta de ordem. A intenção deste romance é
demonstrar que a ordem em excesso também causa desordem.
Mais tarde, em 1957, volta a
escrever em Regresso ao Admirável Mundo Novo e afirma que o futuro distante
imaginado na obra anterior estava se concretizando mais rápido do que o
esperado.
Para quem o lê atualmente,
diversas outras referências de livros e filmes recentes surgem à cabeça. “O
Doador de Memórias” foi lançado em 1993, recebendo adaptação cinematográfica em
2014 e apresenta diversas semelhanças em sua história, desde a geração de bebês
sem gestação à droga inibidora de emoções. “Jogos Vorazes”, “Divergente” e
“Maze Runner” também se aproximam desta obra.
Mais do que um mero prazer ou passatempo, esta
leitura serve como um alerta para abrirmos os olhos a respeito da sociedade
atual na qual estamos imersos. Apesar de certos pontos positivos apresentados
nesta obra, acredito que não valha a pena abandonar nossas emoções - nossa
humanidade, uma vez que são as emoções que difere os homens de outros animais -
para viver em uma ordem “fictícia”.
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