Maus ("rato" em alemão) é uma graphic novel sobre a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês sobrevivente de Auschwitz que narrou sua vida em tempos de guerra ao filho Art, que transformou-a em quadrinhos que foram publicados pela primeira na revista Raw, mas os capítulos foram reunidos em 1986, onde recebeu o título que viria a ser traduzido no Brasil como "Maus - A história de um sobrevivente".
O segundo volume, "E foi aí que começaram os meus problemas", agrega outros cinco capítulos com o desfecho da história de seu pai, mas foram publicados apenas em 1991 (e ainda quatro anos mais tarde no Brasil). Em 2011, reúnem-se em um exemplar único, "The Complete Maus", dedicado ao seu irmão que nunca conheceu, Richiel, e sua filha Nadja. A abertura é dada por uma citação de Adolph Hitler: "Os judeus são indubitavelmente uma raça, mas eles não são humanos".
A grande jogada deste trabalho é, sem sombra de dúvidas, o uso inteligente do antropomorfismo, conceito que dá a animais e seres características humanas, ao retratar os diferentes grupos étnicos como distintas espécies de animais, relacionando-os ainda com imagens propagadas pelo nazismo na época: os judeus são ratos enquanto os alemães aparecem na forma de gatos, os porcos representam os poloneses, cachorros para os americanos e assim por diante.
A narrativa, entretanto, não é tão linear quanto pode se esperar de um livro que conta acontecimentos passados. Neste exemplar, Art vai além do simples texto que lhe era contado pelo pai, mas pelas intervenções que ocorriam durante o processo de ouvir tais histórias. Interrupções por terceiros, o cansaço do velho mal humorado ou do próprio Art ou desvios para outro assunto que era do interesse do ouvinte: sua mãe.
Todas essas conversas e descontinuações são, na verdade, a mais sincera sucessão dos fatos: assim como o filho ia descobrindo sobre as desumanidades vividas pelo pai, nós descobrimos ao lê-lo, colocando-nos em uma cadeira ao lado do senhor que narrava - vezes prazerosa, mas na maioria desgostosamente - e captar um pouco das consequências que lhe foram causadas por estes episódios.
O homem não era lá a pessoa mais simpática do mundo. Mostra-se um pão duro, resmungão, esquentado e até mesmo racista (irônico, não?, o próprio filho aponta este aspecto), mas que tinha uma história de superação, trabalho árduo, contrabandos, esconderijos, sofrimento e inteligência a contar, com um público interessado em ouvir.
E ouviu. Ouviu muito. Ouviu tanto que após tantas boas sacadas para aproveitar ao máximo essa bela e triste história que precisava ser revelada, a repercussão vem ao nível que merece. Em 1992 levou o prêmio Pulitzer (imagine um Oscar da literatura e jornalismo), conquistando pela primeira vez na história o título a uma HQ.
A narrativa, entretanto, não é tão linear quanto pode se esperar de um livro que conta acontecimentos passados. Neste exemplar, Art vai além do simples texto que lhe era contado pelo pai, mas pelas intervenções que ocorriam durante o processo de ouvir tais histórias. Interrupções por terceiros, o cansaço do velho mal humorado ou do próprio Art ou desvios para outro assunto que era do interesse do ouvinte: sua mãe.
Todas essas conversas e descontinuações são, na verdade, a mais sincera sucessão dos fatos: assim como o filho ia descobrindo sobre as desumanidades vividas pelo pai, nós descobrimos ao lê-lo, colocando-nos em uma cadeira ao lado do senhor que narrava - vezes prazerosa, mas na maioria desgostosamente - e captar um pouco das consequências que lhe foram causadas por estes episódios.
O homem não era lá a pessoa mais simpática do mundo. Mostra-se um pão duro, resmungão, esquentado e até mesmo racista (irônico, não?, o próprio filho aponta este aspecto), mas que tinha uma história de superação, trabalho árduo, contrabandos, esconderijos, sofrimento e inteligência a contar, com um público interessado em ouvir.
E ouviu. Ouviu muito. Ouviu tanto que após tantas boas sacadas para aproveitar ao máximo essa bela e triste história que precisava ser revelada, a repercussão vem ao nível que merece. Em 1992 levou o prêmio Pulitzer (imagine um Oscar da literatura e jornalismo), conquistando pela primeira vez na história o título a uma HQ.
0 Comentários