Se já estamos saturados de filmes de herói? Não, nadinha. Nem um pouco mesmo. Pantera Negra é a mais recente estreia da Marvel, que chegou aos cinemas brasileiros na última quinta, 15 de fevereiro, e já está dominando as bilheterias mundiais de forma muito válida e merecida enquanto nos aproximamos da união geral prometida para Guerra Infinita.
O diferencial desse filme é apresentar um personagem de pouco conhecimento do público regular, ou seja, daqueles que não estão imersos no universo dos quadrinhos mas que ainda admiram e acompanham os lançamentos cinematográficos da Marvel, como eu.
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Marvel/Divulgação |
O Pantera Negra já havia sido brevemente introduzido em Guerra Civil (2016), mas seu filme solo abre o panorâmico para todo o desenvolvimento pessoal e artístico do personagem, além da oportunidade de mostrar ao público uma cultura totalmente diferente da americana não só com o protagonismo de um herói negro, africano, mas de todo o seu povo, sua língua, suas tradições e sua tecnologia, levando a representatividade a um outro nível.
Após o falecimento do rei T'Chaka durante um evento da ONU mostrado em Guerra Civil, o príncipe T'Challa volta a sua nação, Wakanda, para assumir a liderança do país que esconde toda a sua tecnologia e riquezas do planeta, para sua segurança. Assume os poderes do Pantera Negra, com habilidades ginásticas e marciais que ganham ainda mais resistência com seu traje tecnológico feito de vibranium, material originário de Wakanda que está sob os olhares de ladrões internacionais. Com uma ameaça iminente, o herói precisa entrar em ação para defender seu povo e sua honra, mas também é um momento de mudanças para a localidade e tudo o que sempre foi reservado a esta gente.
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Mostra, ainda, uma realidade diferente de um povo deixado para trás, longe das riquezas de Wakanda, em solo californiano, onde os dias são mais difíceis e a vida é mais árdua, com caminhos que acabam levando seus indivíduos ao extremo confronto mental pessoal, o que, por muitas vezes, vem por ser desencadeado em uma onda de criminalidade, onde nasce o principal vilão de nosso filme, Killmonger, cujo ator Michael B. Jornan revelou ter assistido Cidade de Deus em busca de inspiração para representar seu personagem.
O mais incrível de Pantera Negra é como conseguiram introduzir sem estranheza uma cultura completamente diferente das que estamos acostumados, desde sua ambientação, sendo essa um pouco mais exótica e em contraste extremo ao ambiente tecnológico oculto, seja com sua música, idioma ou mesmo as tradições do povo, que são representadas a cada mera ação de personagens coadjuvantes, inclusive, como a batalha para o trono e a cerimônia de iniciação com as ervas místicas que levam seu usuário ao "plano ancestral".
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Visualmente falando, o trabalho é ainda tão impecável quanto suas abordagens narrativas. Wakanda é bela, majestosa, estupenda, de tirar palavras da boca de qualquer um. Os cenários abertos lembram um pouco O Rei Leão, com pores-do-sol tão idílicos que sequer parecem reais. Na questão tecnológica, tudo reluz ciência e engenharia de ponta que são muito bem demonstradas desde a paleta de cores, comumente apelando para azul e preto, cores que psicologicamente já remetem a inteligência e tecnologia, como em seus artefatos úteis e pra lá de bacanas, desde dirigir remotamente um carro a conseguir curar danos vertebrais em poucas horas.
A fotografia e jogo de câmeras conseguem surpreender ainda mais, lidando com todos os elementos desse encontro entre o natural e o luxuoso em excelentes takes, sejam eles sequenciados ou cortados, que colocam em ênfase as ações dos personagens, usando a beleza da ambientação para aprimorar as cenas em choque de beleza e detalhes que vão desde uma paleta de cores forte e dramática à água que dança ritmada conforme lutam sobre ela, sem deixar de lado as corridas de carro e batalhas por toda Busan, Coreia do Sul.
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Essas lutas não ficam só para os machos: ainda que seja protagonizado por homens, há uma grande representatividade feminina com mulheres que demonstram força física e inteligência ao longo do filme sendo personagens extremamente úteis para toda a narrativa, representadas principalmente em Shuri, interpretada por Letitia Wright, irmã do protagonista, em Nakia, personagem da maravilhosa Lupita Nyong'o, que é uma grande revolucionária que ainda reflete relacionamento amoroso direto com o protagonista, sendo sua ex, mas sendo muito mais para a história do que um mero interesse romântico, e nas habilidosas guerreiras com suas lanças afiadas, deixando as mulheres em ênfase em diversos planos da obra.
Entretanto, ainda que o desenvolvimento e elementos da obra sejam de uma qualidade sublime, o desfecho acaba sendo previsível, pouco surpreendente e, portanto, não impactante. Isso se dá como um contraponto a cronologia do universo cinematográfico da Marvel: já sabemos que Pantera está confirmado em Guerra Infinita, com aparições marcantes inclusive no trailer do filme, sendo mais do que óbvia a sua vitória em seu filme solo, cujos eventos precedem os do novo Vingadores que deve ser lançado em abril.
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Mesmo assim, é apenas um mero detalhe comparado a análise geral da produção em si, que conquista altas notas em todas suas outras características e, com certeza, faz desse filme uma peça importante para o cinema heroico, digno de todas as críticas positivas e aclamação pública que tem recebido, com tendência a crescer ainda mais durante os próximos dias.
E que venha Guerra Infinita!
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