Princesa Adormecida é um livro da escritora nacional Paula Pimenta, publicado em 2014 pela Galera Record, sendo uma releitura moderna do conto de fadas "A Bela Adormecida". Com seu toque de atualidade e muita brasilidade, consegue trazer o clássico mais próximo a nossa realidade, com um sonho de princesa de uma ficção mais provável.
Rosa, prestes a completar 16 anos, vive com seus tios superprotetores desde o falecimento de seus pais, quando ainda era uma criança, sendo proibida de sair de casa para qualquer lugar senão sua escola exclusiva para garotas e até mesmo de revelar muitas informações pessoais para outras pessoas, ainda que de sua confiança. Ou pelo menos essa é a versão da história em que ela acreditava. Afinal, o sequestro de um bebê de linhagem real em um reino distante era algo que, para ela, existia apenas em livros. Mas esta é a sua história.
Sem compreender os motivos de seu confinamento, Rosa escapa durante seu aniversário de dezesseis anos para ir a uma festa nas proximidades da escola com as amigas. Lá, conhece a DJ Cinderela (referência a outro livro de Pimenta, "Cinderela Pop") e se diverte muito. Pela primeira vez, entra em contato com um garoto, mesmo que apenas por SMS, e começa a viver uma história de amor virtual, sonhando escapar das garras dos tios para poder encontrar seu amado, mas pouco imaginava que este seria o começo de uma drástica reviravolta em sua vida, rumo a descoberta de seu verdadeiro "eu", oculto desde a infância, e até mesmo do próprio nome.
Os acontecimentos a seguir são cativantes e misteriosos, nos deixando em dúvida quanto as verdadeiras intenções de alguns personagens, aflitos com certos eventos e ansiosos pelo desfecho, que caminha para uma boa surpresa. A ânsia de saber a conclusão da história de Rosa faz com que a leitura caminhe ainda mais rápido, difícil de desgrudar os olhos. Quando menos esperar, acabou, mas vai suspirar de felicidade por ter lido um ótimo romance.
O livro apresenta elementos bem semelhantes ao do conto original, mas adaptados de modo a tornar-se mais palpável em uma realidade atual, substituindo aspectos fantasiosos por problemáticas verossímeis e dando um quê digital à história, com o uso de celulares e contato por troca de mensagens de texto.
É interessante, ainda, como Paula Pimenta sempre mistura gêneros textuais em suas obras. A obra continua sendo uma narrativa em formato de romance, mas perde sua estaticidade ao anexar cartas, torpedos celulares e até mesmo bilhetes que são de extrema importância ao desenvolvimento e comportamento da história, tanto por seu conteúdo como por agregar valores de época e de versatilidade ao conto, adicionando ainda um toque visual ao padronizar diferenças de paginação para cada gênero incluso na obra.
Também é típico de Pimenta fazer uso de um vocabulário mais simples, porém não infantilizado, em um equilíbrio perfeito entre tornar a leitura fluída, de fácil entendimento e acessível a qualquer idade e classe social sem menosprezar a capacidade intelectual de seus leitores, o que torna a autora popular entre diversas faixas, ainda que seu público seja, majoritariamente, formado por jovens garotas.
O trabalho gráfico é estupendo. A fonte principal, utilizada no corpo do livro, passa uma ideia mais retrô, de máquinas de datilografia, enquanto as de destaque, para títulos e assinaturas da autora, passam maior modernidade e despojamento por seu formato manuscrito, mais adolescente, conseguindo entrar de cabeça no enredo.
A capa segue como o grande destaque, com uma pintura em aquarela que retrata toda a delicadeza da obra e da protagonista, uma adormecida com o celular em mãos, em meio a um campo florido. No miolo, há ainda há toda uma preocupação em representar visualmente os diferentes gêneros textuais contidos, conforme já dito acima, com simulações de pedaços de papel, folhas de jornal ou prints de celular.
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