Aggretsuko, também chamado de Aggressive Retsuko, é uma produção animada de comédia musical da Sanrio, em parceria a Fanworks, e protagonizado por uma panda vermelha de 25 anos, Retsuko. O anime mostra o cotidiano de uma personagem romântica e feminista cuja modéstia a leva a ser explorada por seus colegas de trabalho em um escritório dominado pela hierarquia e aparências.
Nesse ambiente de trabalho misógino e tóxico, ela precisa lidar com chefes machistas, oportunistas e colegas fofoqueiras que não se importam com o bem estar da personagem. Para esvaziar o ranço de seu peito, tem como válvula de escape o death metal e, no karaokê ou no banheiro do trabalho, Retsuko alivia sua tensão com músicas com músicas pesadas e barulhentas, mas com letras sinceras que manifestam toda a raiva acumulada durante o dia.
Enquanto não pode expressar seus reais sentimentos, veste uma máscara de passividade e conformidade, abaixando a cabeça para tudo e para todos, o que lhe dá uma falsa aparência de "boa garota" e "funcionária exemplar", da qual não se orgulha, tendo seu comportamento notado inclusive por outros personagens que ou se aproveitam da situação ou não entendem o porquê dela agir dessa forma.
Em contrapartida, desenvolve uma amizade agradável e benéfica com duas senhoritas que também são "só aparência" e, com seu apoio, Retsuko aprenderá um pouco mais sobre a vida e como lidar com suas dificuldades de forma mais eficaz, além de poder, pelo menos com alguém, expor sua verdadeira personalidade e ser ela mesma. Essa relação é um grande exemplo de sororidade, com uma verdadeira união feminina que surge em meio a um cenário patriarcal.
A animação de Aggretsuko vai contra a crescente das produções japonesas mais realistas como Shingeki no Kyojin, aproximando-se mais de, por exemplo, K-ON, não só por seu traço 2D simplificado, mas pela temática da comédia musical, como se fosse uma nova característica do gênero dentro do espectro das animações japonesas.
A caracterização dos personagens é antropomórfica, de animais humanizados que pensam, falam, andam sobre duas patas e se vestem, elemento muito utilizado pela literatura desde Alice no País das Maravilhas, de 1865, ou mesmo Pedro Coelho, de 1893, que foi consagrado pelo cinema e televisão. Essa característica é até hoje muito utilizada nos mais diversos países, produções e com os mais diferentes objetivos, como visto no anime.
Essa aparência fofa e até mesmo infantilizada, bem ao estilo Sanrio, produtora que também é responsável por Hello Kitty, My Melody e Keroppi, não ameniza o fato de Aggretsuko ser mais indicado para adultos — embora a classificação de 12 anos, não por conta de vocabulário baixo, uso de violência ou apelo sexual, coisas que não existem na produção, mas da temática ser algo tão intrínseco da vida adulta, o que causaria maior identificação telespectador-personagem, fator que, pelo menos para mim, colabora muito para se ter um bom aproveito do que está sendo assistido.
Representatividade importa, e todas as mulheres de Aggretsuko, cada uma a sua maneira, conseguem transmitir uma mensagem para suas correspondentes na vida real: você se identifica com determinada personagem, seja a protagonista, alguma de suas amigas ou até mesmo com suas colegas de trabalho, vê essa personagem crescer, tomar escolhas, mudar e, então, você aprende algo. Seja para sim ou para não - afinal, maus exemplos podem ser considerado como um método invertido de aprendizagem.
A presença da música com as canções em death metal da protagonista são essenciais e apresentado com seu devido espaço de importância para o desenvolvimento da personalidade da personagem, e mesmo não sendo fã do estilo musical é compreensível a mensagem de que a música é a melhor parte de nós e a influência que esta tem sobre nós.
Essa, além de sua relevância para o enredo, contribui ainda com a comédia da trama ao quebrar tão estritamente com a rotina séria e metódica de um escritório reinado por machismo e hipocrisia, com suas letras gritadas, agressivas, espontâneas e, principalmente, sinceras, que transparecem as emoções mais particulares de sua intérprete, contradizendo sua aparência.
A presença da música com as canções em death metal da protagonista são essenciais e apresentado com seu devido espaço de importância para o desenvolvimento da personalidade da personagem, e mesmo não sendo fã do estilo musical é compreensível a mensagem de que a música é a melhor parte de nós e a influência que esta tem sobre nós.
Essa, além de sua relevância para o enredo, contribui ainda com a comédia da trama ao quebrar tão estritamente com a rotina séria e metódica de um escritório reinado por machismo e hipocrisia, com suas letras gritadas, agressivas, espontâneas e, principalmente, sinceras, que transparecem as emoções mais particulares de sua intérprete, contradizendo sua aparência.
E mesmo com tantas lições e representações a serem transmitidas com tanta simplicidade por suas personagens, o anime não peca em tornar-se algo pesado e exaustivo, com uma doce medida de comédia sem apelar para piadas estereotipadas a fim de ser engraçado: Aggretsuko abre mão de qualquer preconceito, exceto para criticá-los, e entrega um humor maduro e respeitável.
Originalmente transmitido entre abril de 2016 e março de 2018, o anime possui ao todo 100 episódios, mas o número não assusta: cada episódio possui cerca de apenas um minuto de duração e, na Netflix, são reunidos em 10 pacotes de episódios de aproximadamente quinze minutos cada, tornando Aggretsuko mais fácil de assistir - e, com certeza, vale a pena dedicar duas horas e meia do seu dia para conferir essa incrível produção.
1 Comentários
Já tinha visto algo sobre o anime em algum lugar, mas confesso que não fazia ideia do que se tratava. Mas vendo o seu texto agora me parece algo interessante e divertido, e como é bem curtinho, com certeza assistirei! Já está na minha lista!
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