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Joyland, um bom coming-of-age com toque sombrio típico de King


De 2013, Joyland é um dos romances mais recentes escrito por Stephen King, o mestre do terror. Com cerca de 240 páginas, foi publicado no Brasil pela editora Suma de Letras, selo da Companhia das Letras, um pouco mais tarde, no ano de 2015, e é descrito pela Entertainment Weekly como uma das histórias mais bem escritas de King.

No verão de 1973, Devin Jones começa um trabalho temporário no parque de diversões Joyland para arrecadar algum dinheiro para sua vida de universitário que se iniciaria em breve, mas tem todo o seu mundo mudado quando se vê envolvido no mistério do assassinato de Linda Gray, cuja lenda afirma que seu espírito ainda assombra o trem fantasma onde foi morta. Com a ajuda de Mike, um garoto que possui uma grave doença e um dom especial, da misteriosa Anne e de seus colegas de trabalho Erin e Tom, tentará libertar o espírito para que possa descansar em paz.


A capa e a sinopse vendem a ideia de um suspense amedrontante passado nos escuros corredores de algum brinquedo abandonado do parque em questão, cujo passado indica um cruel assassinato ainda sem resolução, mas verifica-se na leitura do romance o hábito que Stephen King tem de utilizar o bizarro e o sobrenatural apenas como elemento adicional ou plano de fundo a suas historias, enquanto quem brilha de fato é o drama humano.

Nessa história, o sexto sentido infantil e os fantasmas do parque são apenas pretextos criados pelo autor para contar, com base no suspense, uma história coming-of-age sobre um cara nos seus 20 anos que vivia uma passagem de vida entre o melodramático término de relacionamento e o teatral reencontro consigo mesmo, com a seu estranho período como vendedor de diversão a desenhar o caminho entre os extremos.


Até certo ponto da leitura, você fica esperando o terror acontecer de fato, mas logo percebe-se que não se trata disso, e as inúmeras páginas de pouca ação ou comentários sobre Wendy, a ex, que até então pareciam desnecessários para uma narrativa de fantasmas, ganham sua devida importância quando se é dado a conta de que o livro é, na verdade, sobre Dev, e cada mínima descrição é justa e necessária para descrever o crescimento do personagem.

Em seu desenvolvimento trabalha-se, principalmente, as interrelações, quando Dev se coloca a frente não só dos demais funcionários de Joyland, mas dos misteriosos vizinhos e somente quando tudo começa a conversar entre si é que as coisas começam a andar pelo intrínseco e tão esperado suspense Kingniano. O emocional e mental vem antes.


Nessa jornada pessoal, o ontem e hoje dialogam frequentemente quando o livro é, na verdade, um relato de Dev já velho, olhando para o seu passado, comentando suas próprias experiências e, com um olhar mais maduro, julgando a si mesmo e as suas ações, mas sem deixar de lado a importância de cada uma delas para a construção de seu ser. Esses encontros temporais são essenciais quando o livro foca tanto no pessoal deste personagem pois, somente assim, teremos uma noção mais ampla de como foi a sua vida após os incidentes de sua passagem por Joyland - sem precisar esperar uma sequência, pelo menos.

Um adicional positivo para o livro é a sua belíssima diagramação. Como a fotos acima mostra, a história tem algumas separações marcadas por corações. Não são exatamente capítulos, pois não há esta divisão dentro do livro, mas sim por "assuntos", para não nos perdermos conforme algo começa ou termina dentro da história. A escolha do coração ressalta ainda mais a sensibilidade desse livro e o quão importante o emocional é para a história.


A arte da capa, por sua vez, foca mais no suspense em si, vendendo um livro de terror estilo anos 70/80 que não é exatamente o que você encontra quando começa a folheá-lo, mas que seu verdadeiro conteúdo não deixa de ser uma surpresa positiva. É como se a capa também brincasse com o leitor em um jogo de suspense, fazendo com que nos perguntemos qual é o verdadeiro "eu" do livro: a capa ou o seu miolo? A resposta é clara.

Como uma nova leitora de Stephen King, assumir esta como a minha segunda leitura do autor foi uma boa decisão. Mais acostumada com literatura coming-of-age e romances juvenis, utilizar disso como uma ponte para a minha entrada no universo do suspense e terror foi interessante e, sobretudo, gratificante. Uma boa leitura que ficará gravada por um tempo, e que eu recomendo sem pensar duas vezes.
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