Megarrromântico (Isn't it Romantic?) estreou nos cinemas americanos em 13 de fevereiro, véspera do Valetine's Day, pela Warner Bros., e chegou ao Brasil pouquíssimo mais tarde diretamente pela Netflix, conquistando o público com a sua crítica satirizada anti-comédia romântica que, na verdade, transforma o longa em uma comédia romântica de respeito, onde os estereótipos consagrados são pisoteados e a protagonista sai de uma "forma de bolo" para encontrar e viver sua plenitude espiritual no amor não por um príncipe encantado, mas por si mesma.
Na trama, a personagem principal, Natalie, interpretada por Rebel Wilson, está passando por maus bocados em seu fracassado trabalho como arquiteta e sua vida amorosa é só ladeira abaixo: quando criança, era apaixonada pelos filmes românticos, mas cresceu em um mundo que se prova o contrário do mostrado na ficção, ainda mais quando você está completamente fora dos padrões de beleza. O que não esperava é que, após bater a cabeça e ir parar em um universo paralelo que mais parecia o roteiro de um filme de rom-com, precisaria descobrir o significado do amor para retornar a sua chata vida normal.
É nesta pararrealidade que o filme entrega seus mais divertidos momentos quando, graças a personalidade desajustada da protagonista, satiriza todos os já conhecidos clichês do gênero com perguntas que todos os espectadores já devem ter feito, como "como todos sabiam a coreografia?" durante uma cena musical aleatória ou questionamentos aos esterótipos de personagens como o amigo gay desempregado e a colega de trabalho que odeia a protagonista. Nat é a personagem que diz tudo o que sempre imaginamos, e essa consciência da personagem em relação ao mundo exterior, quase como uma quebra da quarta parede, é espetacular.
Nessa jornada surreal, ainda, Natalie encontra pela primeira vez homens românticos e belíssimos, interpretados por galãs como Liam Hemsworth (A Última Música) e Tom Ellis (Lúcifer), que estão dispostos a fazer de tudo para conquistar seu gelado coração, no auge da cafonice das comédias românticas e completamente desconexo de uma vida real onde homens assim pouco demonstram interesse por mulheres de aparência como a dela, como a minha, como a sua, e precisa aprender a lidar não só com os rapazes ligados em modo automático ao seu redor, mas consigo mesma, conforme descobre que suas atitudes são a chave para a porta de saída desse inferno clichê.
É aí que mora uma das principais críticas do filme: Rebel Wilson, na maioria dos filmes que fez, como A Escolha Perfeita (2012) e Como Ser Solteira (2016), costumava ser o alívio cômico de um grupo de amigas, a personagem rebelde, divertida e sem papas da língua, mas nunca o foco de uma narrativa primária com características tridimensionais; era um estereótipo. Neste filme, embora continue engraçada, o que é de fato algo próprio da atriz, ela consegue ser mais do que "a gorda engraçada" ou somente "a gorda", prendendo-se a isso. Ela é uma personagem realista, com qualidades, defeitos e a oportunidade de redesenhar sua própria história.
Essa personagem - e outras desse crescente gênero, como Renee (Amy Schumer), de Sexy por Acidente (2018) - dá a pessoas como nós, mulheres gordas, não só a tão aguardada oportunidade de nos vermos representadas na televisão ou nos cinemas, mas o lembrete diário de que, independente do que a sociedade têm como padrão de beleza e do quão fora estejamos dele, nós somos bonitas, fortes e capazes de nos amarmos. E me alegra demais saber que a próxima geração de chubby girls irá crescer ouvindo isso desde cedo.
1 Comentários
Ah eu amei! ♥ Amo ver que aquele padrão está sendo quebrado!
ResponderExcluirRepresentatividade é tudo!
Beijinhos ;*
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