O título não esconde o propósito da HQ: neste maravilhoso e feminista quadrinho de Marta Breen e Jenny Jordahl, "Mulheres na luta: 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade", acompanhamos a história das mulheres ao redor do mundo pela luta por direitos, liberdade e igualdade. Com uma linguagem simples, acessível a todas as idades, reúne informações de um século e meio de resistência.
Publicado no Brasil em fevereiro de 2019 com tradução de Kristin Lie Garrubo e um posfácio igualmente informativo de Bárbara Castro, a obra norueguesa nos permite um olhar sobre o movimento feminista no abolicionismo, no socialismo e no movimento LGBT, além se apresentar personalidades de grande importância como Malala Yousafzai, Harriet Tubman, Emmeline Pankhurst, Olympe de Gouges e Mary Wollstonecraft, assim como suas vitórias pela causa.
A obra é didática sem se tornar pesada, como costumeiro para textos de viés mais acadêmico: mesmo ao tratar de um assunto sério, consegue apresentar certa comicidade em seu vocabulário objetivo, com bônus ainda para uma arte quase minimalista que não rouba a cena nem é usada como mero plano de fundo para o texto, mas sim o complementa com muita expressividade.
Monocrático, é interessante, ainda, que cada bloco temático enfatiza uma cor específica que relacionam-se, ainda, ao contexto da narrativa, como o vermelho para o capítulo "A Chegada das Socialistas" ou o rosa para questões contraceptivas, tendo seus significados realçados no capítulo "Amor Livre", onde todas as cores preenchem os quadrinhos a respeito da luta pelos direitos dos homossexuais, com ênfase nas ações de mulheres lésbicas, cis e trans ao longo dos anos.
Dentre as brasileiras, Dilma Rousseff é a única (brevemente) citada no texto original, ficando para Castro, em seu posfácio elucidador, apresentar como as mulheres do Brasil se encaixam nesta linha do tempo, com palavras ainda sobre o feminismo negro, mobilizações nas redes sociais e estrangeirismos como mansplaining e bropiating que tem sido pronunciados pelas jovens feministas em um contexto contemporâneo que nos permite assumir um compromisso como mulheres: a nossa luta continua.
Com pouco menos de 130 páginas, a obra é de uma leitura super rápida, prazerosa e nutritiva, permitindo conhecimentos e reflexões quanto a luta das mulheres em um mundo que, desde sua origem, tem revelado-se misógino. Para qualquer um que queira entender melhor o movimento feminista, sua luta e importância, fica a recomendação de um texto dinâmico, inteligente e muito bem posicionado.
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"Há 150 anos, a vida das mulheres era muito diferente: elas não podiam tomar decisões sobre seu corpo, votar ou ganhar o próprio dinheiro. Quando nasciam, os pais estavam no comando; depois, os maridos. O cenário só começou a mudar quando elas passaram a se organizar e a lutar por liberdade e igualdade.
Neste livro, Marta Breen e Jenny Jordahl destacam batalhas históricas das mulheres — pelo direito à educação, pela participação na política, pelo uso de contraceptivos, por igualdade no mercado de trabalho, entre várias outras —, relacionando-as a diversos movimentos sociais. O resultado é um rico panorama da luta feminista, que mostra o avanço que já foi feito — e tudo o que ainda precisamos conquistar."
O exemplar foi uma cortesia da Editora Seguinte (Companhia das Letras) ao Elfo Livre.
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