Spectros é a mais nova série brasileira da Netflix. Lançada em 20 de fevereiro de 2020, a trama é um terror/drama adolescente dirigido por Douglas Petrie, já conhecido como produtor de Demolidor e Os Defensores. A primeira temporada conta com sete episódios e a classificação é 14.
Na trama, um grupo de adolescentes do bairro da Liberdade, em São Paulo, se vê envolvido com uma encrenca sobrenatural, com espíritos retornando ao mundo dos vivos em busca de vingança por algo que aconteceu em 1858. Em meio as diferenças, serão eles capazes de se unirem para salvar o bairro?
Assista ao trailer:
Como dito pelo artista Mr. Guache, envolvido na produção, "Não é o Velozes e Furiosos, como diria o Choque de Cultura, mas tem Scooby Doo sem cachorro e drama teen". A série é bem juvenil e não tenta ser mais do que isso: é apenas uma tentativa despretensiosa de trazer um pouco das narrativas de terror teen, a la Stranger Things, para um cenário e cultura mais local — e com uma produção consideravelmente mais barata.
Em outras palavras, Spectros é o encontro de uma típica novela das seis com o formato reduzido das séries para streaming. Toda a dramaturgia e narratividade extremamente brasileiras estão presentes — e isso pode incomodar a quem não gosta, mas não deixa de ser um dos pontos mais altos da série, que em momento algum nega sua brasilidade.
Entretanto, ao contrário das novelas televisivas que pecam ao estereotipar japoneses, descendentes e sua cultura, a Netflix busca uma representação mais verdadeira, sem sotaque forçado ou whitewashing, contando até mesmo com algumas cenas faladas em perfeito japonês. Também não falta a história do encontro Japão-Brasil no enredo, que toma o partido nipônico ao levantar pautas de escravidão e separatismo, muitas vezes negado em registros oficias pelo Brasil.
Quanto ao terror, Spectros não tem a intenção de causar medo: os espíritos são como a representação sobrenatural das consequências do preconceito, com almas que vagam sem rumo, mas sim de traduzir relatos de visões sobrenaturais próximo a região do antigo Cemitério dos Aflitos, onde eram sepultados escravos fugitivos, japoneses, indígenas e outros grupos de perseguidos. Surge, assim, uma lenda urbana que se revela verdadeira no enredo fictício da série.
Pelo lado juvenil, aborda a união inesperada de jovens de diferentes personalidades e etnias que, pela necessidade do momento, precisam deixar as desavenças de lado para enfrentar os perigosos espíritos enraivecidos, contando com a ajuda da bruxa Zenóbia, típica mentora que é uma das melhores personagens da série.
Tal como toda série adolescente, amizades, romances e dramas familiares também ganham espaço na narrativa, mas como tudo no cenário atual Spectros é passado em poucas horas, deixa a tentativa de casal "sobrar" devido a falta de tempo para desenvolver a química da relação.
Se você gosta de enaltecer as produções nacionais, curte o clima do bairro da Liberdade e está em busca de algo interessante e leve para passar o tempo, Spectros pode ser uma boa pedida: com sete episódios de 45 minutos cada, é possível de ser maratonada em um único dia ou assistida com maior paciência no feriado prolongado.
Além disso, a história termina fechada o suficiente para não precisar de uma segunda temporada, mas se houver alguma história a ser contada e a Netflix quiser investir em uma continuação, não deixará de ser bem-vinda. Mas antes, não deixe de conferir a primeira temporada de Spectros, já disponível na Netflix.
0 Comentários