Com Amor, Simon foi um grande sucesso e o público ficou particularmente interessado por Leah, a melhor amiga do protagonista. Sua chance de brilhar chegou por meio desta sequência lançada em 2018 que leva o público diretamente de volta à Creckwood para o último ano do ensino médio, na qual Leah está "Fora de Sintonia" com as iminentes mudanças o desenvolvimento de um crush por alguém que achava odiar.
Leah é bissexual e tem certeza disso desde os 11 anos de idade, mas só sua mãe sabe, embora tenha certeza que todos os seus amigos aceitarão muito bem a informação. Ela já teve um crush em Simon e agora está revivendo as chamas de um interesse antigo por Abby, mas a garota namora com Nick, que é um de seus melhores amigos, e a confusão fica ainda maior quando Garret parece estar apaixonado por Leah.
Além dos dramas românticos, a personagem ainda precisa lidar com a chegada de sua vida universitária, problemas com amizades antigas que estão por um fio, o novo relacionamento amoroso de sua mãe e a vontade de poder lidar profissionalmente com seu amor por fanarts. Escrita por Becky Albertalli, a história tem aquele já conhecido tom leve e divertido para lidar com situações comuns aos adolescentes sem se desfazer da importância delas — aliás, a autora é psicóloga e trabalhou por muito tempo com adolescentes e suas questões de sexualidade, então sabe bem do que está falando e o aborda de forma muito natural.
A trama é um típico clichê adolescente (amo!) sobre essa passagem para a vida adulta, o drama das descobertas e todo o medo que permeia a sensação de amadurecimento e mudança, mas com o diferencial de 1) ser regada de representatividade; 2) ser muito nerd, mas ao mesmo tempo cool, com referências a Harry Potter e bandas de rock; e 3) apresentar ao espectador um pouco mais sobre o universo de Com Amor, Simon, com continuidade às narrativas de Simon, Bram e todos os outros personagens que já conhecemos no livro anterior.
É difícil não se reconhecer em um deles, ou mesmo em uma mistura de todos. Leah é rabugenta, Simon é romântico, Garret tem uma fofura irritante, Abby carrega uma aparente perfeição, mas nada chega a ser estereotipado ou caricato: são todos tridimensionais e, apesar de suas características marcantes, mostram outros lados de si ao decorrer da narrativa, seja para pior ou melhor, mas é uma fase complexa e repleta de dúvidas, e eventuais tretas fazem parte desse meio coming-of-age.
O livro foi publicado no Brasil pela Intrínseca, mesma editora que possui os direitos de todas as outras obras de Becky Albertalli, e conta com tradução de Ana Rodrigues, uma mudança em relação ao antigamente chamado Simon vs. a Agenda Homosapiens, mas que apresenta igual qualidade de adaptação para a língua portuguesa de termos juvenis tão peculiares da conversação estadunidense, quase como se a obra tivesse sido de fato escrita por uma brasileira, tamanho o seu envolvimento linguístico com as gírias do momento e de antigamente, mas sem nunca soar cafona ou exagerado.
O universo literário fica completo com Com Amor, Creekwood, epistolar lançado em 2020 pela mesma autora/editora para mostrar como todos os personagens estão lidando com a distância nessa fase separada de suas vidas. A resenha chega em breve ao Elfo Livre! Enquanto isso, você pode comprar Leah Fora de Sintonia pela Amazon e, de quebra, ajudar o blog com nossos links patrocinados sem gastar nada a mais por isso!
"E é claro que eu disse à minha mãe que sou bissexual, mesmo que nenhum de meus amigos saiba."
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