"Eles mal se conhecem. São apenas dois jovens trocando mensagens de texto. Mas cada palavra vai mudar suas vidas para sempre". Contato de Emergência, romance de estreia de Mary H.K. Choi, foi publicado no Brasil em 2019 pela editora Intrínseca sob tradução de Ana Rodrigues, e é uma das obras românticas contemporâneas mais tapa na cara e meta de relacionamento que você vai ler na vida.
A trama acompanha a união de Penny e Sam, obra do destino. Ela tem 18 anos e sonha em ser escritora. Ele está perdido na vinda aos 21. Ambos estão se esforçando para não-surtar com os obstáculos dessa fase inicial da vida adulta quando um ataque de pânico no meio da rua coloca esses dois desconhecidos da lista de contato de emergência um do outro. O que eram simples mensagens para checar se a pessoa está bem acaba se transformando em uma verdadeira conexão regada por sinceridade e compartilhamento de angústias, mas também de um início de relacionamento que os tirará de sua solidão.
Narrada sob o ponto de vista de cada um dos protagonistas, a escrita moderna e inteligente de Choi nos permite conhecer melhor os personagens e os ambientes que os cercam, tal como a imagem e necessidade que constroem um do outro através das longas trocas de mensagens que tornam o enredo ainda mais cativante e realista, como um retrato dos relacionamentos atuais e de como o celular também pode desempenhar um papel positivo na vida dos jovens.
A tradução de Ana Rodrigues se transforma em um ponto alto da trama neste sentido, conseguindo converter gírias dos Estados Unidos perfeitamente bem ao nosso vasto dicionário de informalidades brasileiras sem soar tosco ou ultrapassado, mas sim algo que sairia das bocas (ou dos dedos) de jovens reais. O "manda nudes" foi épico.
Entretanto, não espere que tudo seja tratado com extrema fofura e alegria: os personagens estão destruídos e lutando para se reerguerem no apoio um do outro, mas é um processo difícil e que leva tempo, tornando-se ainda mais complexo quando a amizade (ou romance) começa a ganhar tons de dependência emocional, convidando o leitor para um debate sobre o assunto — e sobre sistemas de saúde, tema importantíssimo para a nossa realidade!
Problemas sobre relações familiares, términos não-superados e a dificuldade em confiar no próximo (ou em si mesmo!) também ganham a cena na narrativa, com os personagens lidando diariamente com a síndrome do impostor que tanto afeta a juventude — e que, por isso, ajuda a conectar o livro diretamente com seu público alvo, que está tão quebrado quanto Penny ou Sam.
As situações enfrentadas pelos personagens nem sempre são as mais belas ou lidadas com o maior positivismo do mundo, demonstrando como todos nós temos dias (ou anos) ruins e está tudo bem nisso, desde que nos esforcemos o suficiente para buscar forças para, se não superar, ao menos encarar de frente esses desafios e lidar com as consequências depois. Sozinho ou com seu contato de emergência, que todo mundo deveria ter.
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