Chegou à Netflix em 27 de novembro de 2020 o filme sul-coreano A Ligação (Call), dirigido por Lee Chunghyun e originalmente esperado para ser lançado nos cinemas, mas que teve sua estreia migrada ao streaming frente à pandemia de coronavírus. A produção é um thriller que brinca com elementos do terror psicológico e mesmo de ficção científica, contando a história de duas mulheres que estão em décadas diferentes, mas conseguem se comunicar através de um telefone.
No ano de 2019, Seoyeon (Park Shinhye) acaba de se mudar para uma casa antiga onde recebe ligações bizarras de uma mulher chamada Youngsook (Jun Jongseo) que aparenta estar em perigo, só que ela está no ano de 1999. Ela sobreviverá com a ajuda de Seoyeon, que aprenderá da pior forma as consequências em alterar eventos passados.
A trama traz as já muito utilizadas narrativas de paradoxo temporal, mostrando como cada pequena mudança no ontem tem impacto, positivo ou negativo, no hoje. Seu diferencial contra outros projetos da temática é a abordagem extremamente dramática, com toques de suspense e mesmo de terror, brincando com o psicológico dos personagens — e do espectador — conforme o enredo se desenvolve e fica mais tenso e complexo.
Além de um bom roteiro, tudo isso só é possível graças ao grande talento das atrizes principais. Park Shinhye, que já deu um show de atuação no recente filme #Alive, se supera em uma performance ainda mais profunda e sentimental, entregando de forma muito convincente os nervos à flor da pele experienciados por sua personagem em constante amadurecimento.
Jun Jongseo estreou recentemente como atriz, já entrando no universo da atuação pelo sucesso Burning, de 2018, e demonstra que veio para ficar com mais uma interpretação incrível ao executar perfeitamente a complexidade e impulsividade de uma borderliner — e, infelizmente, falar mais sobre ela poderiam acarretar em spoilers indesejáveis.
O maior (e muito possivelmente único) defeito do filme é o seu final, com uma tentativa ousada de ir além do necessário e que poderia ter funcionado bem, mas falha ao entregar uma sequência de cenas breves, fracas, pouco exploradas e friamente desenvolvidas que, infelizmente, acabaram por baixar um pouco a qualidade do filme. As vezes o diretor precisa saber quando é hora de encerrar.
Não entendeu o final de A Ligação? Clique aqui e leia a explicação do Elfo Livre.
Como todo bom filme do gênero, faz um bom uso de cenas noturnas e/ou gravadas no escuro para ajudar a levantar o clima de tensão de A Ligação, da qual o espectador não precisa esperar pelos jump scare do cinema de terror comercial, visto que seu poder de aterrorizar está mais presente no desconforto causado pela série de abusos psicológicos apresentados no longa e da apreensão por saber qual será o próximo grande acontecimento deste super suspense dramático.
Com tantos elogios, A Ligação é, de fato, mais uma das grandes obras de arte do cinema coreano — e que, embora por motivos bastante lastimáveis, felizmente teve sua chance de brilhar em território internacional e permitir que mais públicos, como o brasileiro, pudesse apreciá-lo. Ficamos na expectativa para que mesmo após a pandemia a Netflix continue a investir em ampliar seu catálogo de filmes importados da Coreia do Sul.
Já viu A Ligação (Call)? Conta nos comentários o que você achou do filme!
0 Comentários