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O Túmulo dos Vagalumes: a história real que inspirou o filme do Studio Ghibli

O Túmulo dos Vagalumes: a história real que inspirou o filme do Studio Ghibli

O Túmulo dos Vagalumes, filme de animação do Studio Ghibli lançado em 1988, é o maior sucesso dirigido por Isao Takahata e, até hoje, emociona o público. Mas você sabia que seu enredo é inspirado em uma história real? 

A história original, chamada Hotaru no Haka (火垂るの墓), nasceu em 1967 em formato de conto semiautobiográfico publicado pelo autor japonês Akiyuki Nosaka. Na obra, o escritor se baseia em suas próprias experiências durante e após o bombardeamento em Kobe, que aconteceu em 1945. 

O conto foi publicado pela primeira vez no Japão pela revista mensal Ōru Yomimono (オール読物, "All for Reading"), em outubro de 1967. Graças ao texto, Nosaka ganhou o Prêmio Naoki de melhor literatura popular, e este conto foi relançado em um livro no ano seguinte pela Shinchōsha, junto a outra de suas histórias.

Quanto às suas inspirações para o texto, Nosaka conta que O Túmulo dos Vagalumes foi escrito como um pedido de desculpas a sua irmã adotiva mais nova, Keiko, que morreu de desnutrição em Fukui. Antes disso, outra de suas irmãs já havido falecido devido a uma doença, e seu pai não resistiu ao bombardeio.

O Túmulo dos Vagalumes: a história real que inspirou o filme do Studio Ghibli

A história real de O Túmulo dos Vagalumes

Com os ataques à cidade de Kobe, aos 14 anos Nosaka se tornou o único cuidador de Keiko, que tinha apenas um ano e meio em 1945. Para cuidar de si e de sua irmã, ele precisou roubar comida e vender antigas heranças da família, passando pela casa de parentes e abrigos antibomba infestados de doenças em busca de um teto para viverem. 

No entanto, à medida em que ficava cada vez mais difícil encontrar alimentos, Nosaka também começava a maltratar sua irmã e a comer parte de sua comida, sem imaginar as consequências de seus atos. Eventualmente, Keiko faleceu sob seus cuidados, vítima de desnutrição, deixando para trás um jovem Nosaka repleto de sentimentos de culpa.

Esses sentimentos foram guardados por quase 20 anos até que, já na vida adulta, ele conseguiu desabafar sobre sua dor ao transformar suas duras experiências e sua culpa no conto Hotaru no Haka, que posteriormente seria adaptado para os cinemas — primeiramente em animação pelo Studio Ghibli, em 1988, e mais tarde em duas versões em live-action, em 2005 e 2008. 


Capa do livro de 1968 + foto de Akiyuki Nosaka 

Com a obra, Nosaka desejava representar uma "humanidade idealizada" entre irmãos. O personagem principal do conto, Seita, foi inspirado em si mesmo, afirmando que, tal como o protagonista de seu conto, Nosaka também foi forçado a amadurecer rapidamente aos 14 anos, mas deu a Seita traços heroicos que ele próprio não possuía, idealizando-o em um herói para Setsuko, que representava Keiko na história. 

Seita, após ver Setsuko morrer em O Túmulo dos Vagalumes, também não sobrevive por muito tempo. No entanto, embora o conto/filme seja inspirado nas vivências de Akiyuki Nosaka durante o fim da Segunda Guerra Mundial, o autor sobreviveu até o ano de 2015, quando faleceu aos 85 anos. Em vida, Nosaka foi escritor, ativista e cantor.  

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