Kim Jiyoung, Nascida em 1982, terceiro livro da autora coreana Cho Nam Joo, é um grande sucesso: traduzido para 18 idiomas, incluindo o português brasileiro, a obra vendeu mais de um milhão de exemplares pelo mundo e teve um grande impacto nos debates sobre desigualdade e discriminação de gênero na Coreia do Sul.
A obra acompanha a vida de Kim Jiyoung, cujas fases são separadas em capítulos desde a infância ao ano de 2016, quando apresenta sintomas estranhos de um possível transtorno de personalidade dissociativa e é levada por seu marido a um psiquiatra.
Jiyoung é um dos nomes femininos mais comuns da Coreia do Sul, e suas vivências narradas também são, infelizmente, comuns entre mulheres do mundo todo: desde o nascimento Jiyoung sente na pele o peso de uma sociedade machista. Em casa, o tratamento diferenciado que seu único irmão homem recebe; na escola, as regras de vestimenta duras apenas para as meninas; no trabalho, câmeras escondidas no banheiro feminino.
Mesmo em seu casamento Jiyoung não tem paz, estando desde o começo subentendido que deveria ser ela a abandonar a carreira para cuidar da casa e da filha, enquanto o marido se contentaria em apenas "ajudar", como se fosse um favor e não seu dever como pai. Perturbada por todas essas problemáticas, Jiyoung começa a personificar vozes de mulheres conhecidas, vivas e mortas, representando em si todas as mulheres do mundo que lidam com o mesmo fardo.
Embora a narrativa sensível seja ficcional, se aproxima da realidade não só por contar histórias que, infelizmente, sabemos que fazem parte do cotidiano feminino, mas também por trazer ao texto dados históricos precisos sobre a presença (ou ausência) da mulher na Coreia do Sul. Através destas informações o leitor pode aprender mais sobre as antigas políticas de controle de natalidade, que privilegiava o nascimento de meninos, ao crescimento das mulheres em papéis de destaque em grêmios estudantis.
A mistura de ficção com registros históricos ganha ainda uma pegada biográfica, já que foi baseado nas próprias vivências de Cho Nam-Joo como uma mulher sul-coreana que deixou o emprego para se tornar dona de casa após o nascimento do filho.
Descrito pela editora Intrínseca como um "best-seller internacional, Kim Jiyoung, nascida em 1982 é uma obra poderosa e contemporânea que não só atinge o âmago da individualidade feminina, como também questiona o papel da mulher em âmbito universal", e esse trecho não poderia ser mais certeiro: é uma leitura curta, de apenas 176 páginas, mas que atinge em cheio e deveria ser lida por todos, independente de gênero.
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