12.12: O DIA, filme coreano que chega aos cinemas brasileiros em 2025 com distribuição da Sato Company, apresenta tensões do passado e presente da Coreia do Sul ao combinar história e ficção para abordar o golpe militar de 1979 - que quase se repetiu em 2024 com a declaração da lei marcial.
O filme se baseia na história real do Golpe de Estado de 12 de Dezembro, quando Chun Doo-hwan, comandante do Comando de Defesa e Segurança, atuou sem a autorização do presidente Chou Kyu-ha para ordenar a detenção do general Jeong Seung-hwa, Supremo Chefe de Estado do Exército sul-coreano, acusando-o de participação no assassinato do presidente Park Chung Hee, morto em 26 de outubro do mesmo ano.
Jeong era contra o Hanahoe, um grupo formado por oficiais militares que atuava sob a liderança de Chun. Quando o Hanahoe instigou o golpe, Jeong foi sentenciado à prisão perpétua. O grupo perdeu poder após Kim Young-sam assumir a presidência da Coreia do Sul em 1993, e em 1997 Jeong foi libertado e inocentado de qualquer envolvimento na morte do ex-presidente Park pelo Tribunal Distrital de Seul.
No filme, tal momento da história é narrado com um pouco de liberdade poética: a maioria dos personagens usa pseudônimos semelhantes em vez dos nomes reais, dentre outros elementos fictícios. Em vez de Jeong, a história acompanha um personagem chamado Lee Tae Shin, Comandante da Defesa da Capital responsável pela segurança de Seul que enfrenta Chun e o Hanahoe após o decreto da lei marcial.
12.12: O DIA é estrelado por Jung Woo Sung, já conhecido do cinema coreano por sucessos como A Moment to Remember (2004) e Operação Hunt (2022). No entanto, em termos de atuação o destaque do longa fica com Hwang Jung Min como Chun, em uma representação tão afiada de um ditador que deixa o espectador aflito como se de fato estivéssemos vendo cenas reais, e não um filme fictício.
Embora traga um quê de ficção e uma carga dramática extra com o ato de heroísmo de seu protagonista, o filme recebeu críticas positivas por ainda ser suficientemente historicamente preciso para transformá-lo em uma forma acessível de ensinar um pouco sobre a política sul-coreana aos espectadores mais jovens ou estrangeiros.
O filme, aliás, chega em boa hora aos cinemas: em dezembro de 2024 o mundo foi surpreendido com o presidente Yoon Suk Yeol declarando lei marcial. Com muita resistência popular e parlamentar a medida foi revogada em poucas horas, mas o episódio reacendeu debates sobre a democracia e liberdade na política sul-coreana.
O que aconteceu há quatro décadas não está tão distante assim, e a democracia enfrenta desafios contínuos não só na Coreia do Sul como em todo o mundo. Filmes como 12.12: O DIA são grandes aliados do para para lembrar da história para que ela não se repita.
Nota final: ★★★★☆
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