Com Carinho, Kitty, série da Netflix que expande o universo da franquia de filmes e livros Para Todos os Garotos, estreou sua segunda temporada na última quinta-feira, 16 de janeiro. Com oito novos episódios, a história sobre a Irmã Song caçula ganhou novas vertentes - e quase se perdeu no caminho -, mas ainda consegue entreter o espectador.
Dando continuidade aos eventos da temporada passada, Kitty segue na Coreia do Sul como intercambista no Colégio KISS. Após se envolver em muito drama romântico com Dae, Yuri e Minho nos episódios anteriores, a protagonista diz agora estar focada em seus estudos e em descobrir sobre o passado de sua mãe - mas não é bem isso que veremos na prática.
Kitty logo se vê novamente envolvida em um triângulo amoroso por ter que dividir quarto com Yuri e Juliana, namorada dela que voltou ao KISS. Enquanto isso, Dae e Minho ainda estão sem se falar e Q é o único que cosegue manter o grupo conectado após tantas intrigas - e até isso pode estar ameaçado conforme ele se envolve com alguém que seus amigos detestam.
Praveena chega para complicar ainda mais a cabeça de Kitty, enquanto Dae começa a se envolver com Eunice e Minho com Stela - que, aliás, esconde um grande segredo que sustenta a parte de suspense da trama. Com tantos personagens em cena no núcleo principal - isso sem falar nos secundários que aparecem aqui e ali - a história fica no mínimo confusa.
Considerando ainda que são apenas oito episódios de meia hora cada para desenrolar esse longo fio, a conta não fecha, e o resultado é uma temporada superficial, com casais que surgem do nada, sem química e com relacionamentos tão súbitos que mal dá tempo do público se envolver. É tudo muito rápido e leviano.
Mesmo a história de Kitty com seus parentes acaba sendo má desenvolvida - essa parte do enredo fica adormecida durante a primeira metade da temporada e só começa a se desenrolar nos episódios finais, com uma resolução tão fácil que praticamente ignora os anos de conflito entre os lados da família. São cenas fofas, mas mesmo para uma série de comédia adolescente fica a sensação de "era só isso?".
E se a primeira temporada acabou deixando o espectador ansioso para descobrir se Kitty ficaria com Minho ou Yuri, uma segunda temporada terminando da mesma forma já começa a cansar o público - e esperamos que a terceira traga uma resposta definitiva para encerrar essa trama que já está se estendendo mais do que deveria.
Não que a série seja ruim - há um bom potencial ali, mas são tantas coisas acontecendo e, ao mesmo tempo, o que realmente é esperado pelo público fica em segundo plano e não se desenvolve. Essa crise de identidade também é nítida na obra como um todo: embora seja uma série americana, se apoia muito na estética e narrativa dos k-dramas, mas os dois formatos acabam não conversando tão bem neste ritmo tão acelerado.
Todo o núcleo envolvendo Stela, principalmente, é prejudicado nessa falta de coesão. Não há profundidade o suficiente na série para construir uma vilã com enredo de vingança, fazendo com que a história da personagem pareça boba - e suas ações mais ainda.
De quebra, a produção ainda se apoia muito em Para Todos os Garotos, seja recriando cenas icônicas dos filmes ou na participação especial de personagens marcantes como Peter e Margot - deixando um sentimento agridoce que mistura o "que bom ver eles novamente!" com um "que jogada de marketing escancarada".
A cena final, no entanto, foi um bom ponto positivo para a personalidade de Kitty, que parece finalmente estar aprendendo com seus erros - e esperamos que a série também siga por esse caminho. Assim, há margens para uma terceira temporada boa de Com Carinho, Kitty, e contamos com isso.
Nota final: ★★★☆☆
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